Qual a relevância de consumir laticínios de búfala com selo de Serviço de Inspeção (SIF)?

O leite de búfala é um dos alimentos considerados mais completos e nutritivos, sendo rico em vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e carboidratos. Sua composição confere sabor e qualidade excepcionais aos seus derivados, como queijos e iogurtes, que são apreciados por consumidores exigentes ao redor do mundo. 6, 7

Entretanto, devido a sua riqueza nutricional, o mesmo apresenta características que favorecem o crescimento de fungos, leveduras e bactérias. Esses microorganismos são responsáveis por diminuir a qualidade microbiológica e a vida de prateleira do leite e seus derivados e se não houver um monitoramento adequado pode promover riscos à saúde dos consumidores. O objetivo desse artigo é analisar as doenças que o consumo de laticínios não inspecionados, principalmente queijo de leite de búfala fresco e maturado ou minas padrão, podem trazer. 6, 7

Por que a qualidade microbiológica do leite de búfala é tão importante?

A qualidade de um produto lácteo está relacionada com o equilíbrio dos elementos presentes em sua composição e possíveis mudanças podem levar a alterações indesejadas do alimento. Fatores como higiene na ordenha, manejo dos animais, controle da alimentação, uso de medicamentos, armazenamento e o transporte do leite até a fábrica influenciam na segurança do leite de búfala e derivados. 7

Quais microorganismos podem estar presentes nos queijos não inspecionados e doenças que podem causar?

Por ser matéria prima dos laticínios, o leite de búfala deve ser sempre monitorado e inspecionado, entretanto a indústria também tem a obrigação de analisar as boas práticas de higiene que ocorrem no próprio ambiente industrial. Leite e derivados, com foco para o queijo de leite de búfala fresco e minas padrão ou queijo maturado, que não avaliados corretamente, podem ocasionar surtos de doenças transmitidas por esses alimentos. De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os principais microorganismos de preocupação em laticínios são: 4

  • Salmonella spp: as doenças causadas são graves em crianças, idosos e imunodeprimidos. Os sintomas são preocupantes e incluem infecção generalizada, febre alta, diarreia, vômitos e pode evoluir para gastroenterite, infecção gastrointestinal representada por diarreia e principal causa de desnutrição e até mortalidade infantil em países em desenvolvimento. Em 2015, foi levantado que em torno de 14,7% dos surtos de DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos) no Brasil são causados pela Salmonella. 7, 9, 10
  • Escherichia coli enterohemorrágica: um patógeno que produz uma toxina, que pode destruir as vilosidades do intestino e células do rim, trazendo riscos como diminuição da absorção intestinal e insuficiência renal aguda. 11
  • Clostridium perfringens: relacionado à toxinfecção alimentar, com sintomas de diarreia e dores abdominais podendo ser fatal em idosos e pessoas com imunidade baixa. Já a enterite necrótica, que é mais rara, mas muito mais perigosa, e pessoas infectadas podem apresentar dores abdominais intensas, diarreia com sangue, vômitos e obstrução da luz intestinal. 12
  • Listeria monocytogenes: bactéria está associada à listeriose, doença que pode causar em adultos infecções no sistema nervoso central, como meningite e encefalite e outras infecções, como a pneumonia. No grupo de risco se enquadra idosos, indivíduos imunodeprimidos, gestantes e recém-nascidos pode resultar em abortos, morte fetal e outras complicações.1
  • Estafilococos coagulase positiva: produz enterotoxinas (afetam o intestino) e, entre 2010 e 2016, foi associado a 151 surtos relacionados ao consumo de leite e seus derivados. Em artigo é ressaltado que queijos de produção artesanal fabricados em estabelecimentos clandestinos apresentaram uma maior quantidade de microorganismos se comparados aos de produção industrial. 2

 

Foto: ParaibaOnline

 

Como evitar queijos e laticínios contaminados?

É comum ver em feiras queijos com olhaduras/furos e embalagens estufadas, que podem indicar contaminação por esses microorganismos. Essas bactérias fermentam os carboidratos presentes no leite e derivados e liberam gás carbônico formando esses furos e estufamentos. 8

 

 

Foto: ribeirorocha / iStock

Para garantir que os produtos atendam os padrões exigidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as indústrias devem apresentar os selos de Serviço de Inspeção, que podem ser: municipal para produtos comercializados somente no município (SIM), estadual (SIE) e federal (SIF).  Sendo o SIF o mais rígido, respeitando legislações nacionais e internacionais, já que as empresas que possuem seu selo podem atender tanto o mercado interno como externo. 3, 5

Portanto, é necessário sempre se atentar se o alimento que está sendo adquirido realmente é inspecionado, e de fato, apresenta segurança e qualidade, podendo verificar através do selo de Serviço de Inspeção Federal (SIF). Com isso, a mozzarella de búfala, queijo de leite de búfala fresco, queijo minas padrão ou maturado, burrata, requeijão e manteiga Levitare são 100% aprovados pelo SIF, com análises de qualidade realizadas frequentemente.

A escolha certa faz toda a diferença! Ao optar por produtos de procedência confiável, o consumidor protege a sua saúde e valoriza a produção de qualidade, incentivando as boas práticas no setor do leite. Aposte na segurança e excelência dos derivados do leite de búfala e aproveite todos benefícios que eles podem oferecer!

REFERÊNCIAS:

  1. BARANCELLI, G.V.; SILVA-CRUZ, J.V.; PORTO, E.; OLIVEIRA, C.A.F.. LISTERIA MONOCYTOGENES: ocorrência em produtos lácteos e suas implicações em saúde pública. Arquivos do Instituto Biológico, [S.L.], v. 78, n. 1, p. 155-168, mar. 2011. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1808-1657v78p1552011. Acesso em: 08 fev. 2025.
  2. BORGES, M. de F.; NASSU, R. T.; PEREIRA, J. L.; ANDRADE, A. P. C. de; KUAYE, A. Y. Perfil de contaminação por Staphylococcus e suas enterotoxinas e monitorização das condições de higiene em uma linha de produção de queijo de coalho. Ciência Rural, [S.L.], v. 38, n. 5, p. 1431-1438, ago. 2008. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-84782008000500037. Acesso em: 08 fev. 2025.
  3. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Regulamento técnico para produção, identidade e qualidade do leite de búfala. Diário Oficial da União, Brasília, 2022.
  4. BRASIL. Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa – IN nº 161, de 1º de julho de 2022. Estabelece os padrões microbiológicos dos alimentos. Diário Oficial da União: edição 126, seção 1, Brasília, DF, p. 235, 6 jul. 2022. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-in-n-161-de-1-de-julho-de-2022-413366880. Acesso em: 08 fev. 2025.
  5. Selos de Inspeção de Alimentos de Origem Animal (SIF, SIE e SIM): por que são importantes? JV Ascom, CIDASC, Florianópolis, SC, 14 dez. 2019. Disponível em: https://www.cidasc.sc.gov.br/blog/2019/12/14/selos-de-inspecao-de-alimentos-de-origem-animal-sif-sie-e-sim-por-que-sao-importantes/. Acesso em: 19/02/2025.
  6. SILVA, J. A. B. Qualidade microbiológica do leite e seus derivados: impacto na segurança alimentar. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 14, n. 3, p. 45-60, 2023.p 
  7. SILVA, L. de P.; LUCCI, J. R.; DIAS, A. M. N.; SANTOS, E. M. P. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE LEITE EM UM LATICÍNIO SOB SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL. Iniciação Científica Cesumar, [S. l.], v. 21, n. 2, p. 175–187, 2019. DOI: 10.17765/1518-1243.2019v21n2p175-187. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/iccesumar/article/view/7692. Acesso em: 08 fev. 2025.
  8. SILVA, R. S.; MORTE, M. T. S. B.; SHIMODA, E.; TEIXEIRA, A. C. T.; MESSIAS, P. H.; CARDOSO, L. das D.; RIBEIRO, M. F. Viabilidade do Treinamento para Julgamento de Área de Olhaduras em Queijo Minas Frescal. XLIISBO, Bento Gonçalves, RS, p. 355-364, 30-03 set. 2010. Disponível em: https://www.din.uem.br/sbpo/sbpo2010/pdf/72465.pdf. Acesso em: 19/02/2025.
  9. EVANGELISTA, A. G.; LUCIANO, F. B. Presença de Salmonella spp. na produção animal e o uso de fermentados bacterianos para mitigação dos riscos – revisão de literatura. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, Umuarama, v. 24, n. 1cont., e2410, 2021. Disponível em: https://unipar.openjournalsolutions.com.br/index.php/veterinaria/article/view/8543/4129. Acesso em: 08 fev. 2025.
  10. MAFFEI, D. F. Vegetais minimamente processados prontos para o consumo: influência da etapa de desinfecção na inativação de Salmonella Typhimurium, na ocorrência da contaminação cruzada e na avaliação quantitativa de risco microbiológico em relação a este patógeno. 2016. Tese (Doutorado em Bromatologia) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, University of São Paulo, São Paulo, 2016. DOI: 10.11606/T.9.2016.tde-24052016-144235. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9131/tde-24052016-144235/en.phpAcesso em: 08 fev. 2025.
  11. ROSA, J. L.; BARROS, R. F.; SANTOS, M. de O. Características da Escherichia Coli Enterohemorrágica (EHEC). Saúde & Ciência em ação – Revista Acadêmica do Instituto de Ciências da Saúde, v. 2, n. 01, jan-julho 2016. Disponível em: https://revistas.unifan.edu.br/index.php/RevistaICS/article/view/191. Acesso em: 08 fev. 2025.
  12. SOUZA, L. T. Clostridium Perfringens: Uma Revisão. Departamento de Microbiologia, Instituto de Ciências Biológicas – ICB, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FAMM-BDFUYY/1/clostridium_perfringens_uma_revis_o___lucas_teixeira_souza.pdf. Acesso em: 08 fev. 2025.
  13. VINHA, M. B.; PINTO, C. L. de O.; CHAVES, J. B. P. Estafilococos coagulase positiva em queijos Minas Frescal produzidos em agroindústrias familiares. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [S.l.], v. 73, n. 2, p. 62-72, nov. 2018. ISSN 2238-6416. Disponível em: <https://revistadoilct.com.br/rilct/article/view/656/468>. Acesso em: 8 fev. 2025. doi:https://doi.org/10.14295/2238-6416.v73i2.656.
  14. ZERO, R. C.; RODRIGUES, J. de O. SALMONELLA: riscos, transmissão e controle na cadeia de produção suina – revisão da literatura. Nucleus Animalium, [S.L.], v. 9, n. 1, p. 129-141, 30 nov. 2017. Fundacao Educational de Ituverava. http://dx.doi.org/10.3738/21751463.2692. Acesso em: 08 fev. 2025.

Compartilhe

Mais artigos no blog Levitare