O leite de búfala apresenta ótimas características nutricionais, como elevados teores de proteína, gordura e minerais. Apesar de mais calórico, a concentração de colesterol por 100 gramas (275 mg) de lipídeos no leite de búfala é inferior a encontrada no de vaca (330 mg). Além disso, possui valores elevados de ácidos graxos de cadeia longa, como ácido linoleico conjugado (CLA), conhecido popularmente como Ômega 3, que tem função anti-inflamatória, diminui os níveis de gordura do sangue e atua contra a obesidade. 1
A inflamação é um mecanismo do sistema imune em resposta a agentes estranhos ao corpo, que podem prejudicar o equilíbrio do corpo. Durante esse processo inflamatório ocorre a produção de citocinas responsáveis pela atração das células de defesa para o local dessa inflamação. No entanto, sua produção desordenada pode trazer malefícios ao organismo. Visto isso, esse artigo tem como objetivo analisar o potencial anti-inflamatório do leite de búfala e derivados sobre o excesso das citocinas. 4
As citocinas são proteínas produzidas após ou durante uma resposta do organismo a corpos estranhos e são produzidas por várias células. São definidas e classificadas por suas funções, são elas: interferons (IFN), interleucinas (IL), fator de necrose tumoral (TNF), dentre outros. 4
Atuam com eficiência em pequenas quantidades e são raramente encontradas em indivíduos saudáveis. Em contrapartida, estão presentes em altas concentrações em pessoas em quadros infecciosos, inflamatórios e doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias. 4,5
Foi-se constatado que indivíduos com diabetes tipo 2 podem apresentar danos no endotélio dos vasos sanguíneos. Isso é causado pelo aumento da pressão arterial devido à grande quantidade de açúcar no sangue. Como consequência a força de deformação dos vasos piora e acelera o dano vascular. 3
Em estudo de Giuseppe Campanile, membro do Conselho Superior de Saúde e professor da Universidade de Nápoles Federico II junto com Maria Luisa Balestrieri, do departamento de Medicina de Precisão da Universidade Vanvitelli foi avaliado o dano endotelial (ou seja, ao tecido constituído por células achatadas, que reveste o interior dos vasos sanguíneos, linfáticos e do coração) pela diabetes tipo 2. Os pesquisadores identificaram no leite e derivados, principalmente no leite de búfala, uma molécula chamada betaína que possui alto poder antioxidante e anti-inflamatório. 2
A δ-valerobetaína (δvb) é um metabólito presente no leite de ruminantes e, segundo os estudiosos, a betaína reduz a liberação de citocinas, com foco para as interleucinas e fator de necrose tumoral alfa, prevenindo assim o processo inflamatório causado pela alta glicose em diabéticos. 2
Com isso, conclui-se que os produtos feitos do leite de búfala são ótimos aliados para incluir na sua dieta, pois possuem substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias capazes de prevenir ou diminuir os efeitos de doenças, como obesidade, diabetes, cardiorrespiratórias e, até mesmo, câncer, ocasionadas na maioria das vezes pelo excesso de citocinas e vice-versa. Contribuindo assim, com sua saúde, bem-estar e longevidade.
REFERÊNCIAS:
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- D’Onofrio, N., Balestrieri, A., Neglia, G., Monaco, A., Tatullo, M., Casale, R., Limone, A., Balestrieri, M. L., Campanile, G. Antioxidant and Anti-Inflammatory Activities of Buffalo Milk δ-Valerobetaine. J Agric Food Chem. 2019 Feb 13;67(6):1702-1710. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30661355/. Acesso em: 03/01/2025.
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